sábado, 23 de abril de 2011

2ª Parada

- Não sei, talvez você tenha razão. Costumamos reclamar por tão pouco...

- Por que esse pensamento de que reclama por tão pouco? Soa como uma enorme pressão que você  coloca em si mesmo para as coisas serem sempre boas, sempre perfeitas e qualquer coisa diferente disso, que te incomode, você vê sempre o erro em você, no fato de não conseguir lidar com aquilo, e assim, reclamar. Parece angustiante quando as coisas não dão certo pra você, mas não pelo fato de não darem certo, mas pelo fato de você se sentir incomodado por ficar incomodado quando não dão.

- Uh, agora quem esta usando a complexidade aqui é você.

- Foi um simples pensamento, mas foi o que me pareceu agora. Você se incomoda no fato de ficar incomodado.

- Me incomoda o fato de dar importancia a algumas coisas e não a outras e as vezes não consigo mensura-las direito, algo é demais, algo é de menos. Não sinto como se eu tivesse um "filtro" pra condensar as coisas as vezes. É aquele velho clichê do "8 ou 80".

- É isso que te incomoda verdadeiramente então?

- Acredito que sim. Dizem que aprendemos com nossos erros no decorrer da vida. Coisas boas e ruins sempre ficam de lição para nós. Eu acredito nisso, embora pense: "lição pra que?" O mesmo fato nunca vai acontecer novamente. A mesma prova não vai voltar se der errado. Não será a mesma pessoa a que você terá a oportunidade de reaver algo que não deu certo. Não será o mesmo emprego, ou amigo, ou o que quer que seja, que você colocará em pratica o que "aprendeu". Não servirá na maior parte das vezes.

- É assim que você vê, então?

- Não sei, as vezes acho que é importante, pra podermos mudar não para os outros, mas para nós mesmos. Pensamos no que mudar na nossa forma de ver as coisas, na nossa forma de agir com um todo. Eu geralmente reflito muito. Mas sabe, as vezes de nada adianta, em algumas situações você age exatamente como antigamente, como da primeira vez. Tenho a sensação de que tenho 25 anos, mas minha mente se comporta como uma pessoa de 14, 15. Impulsivamente, sem controle, como um bobo a maior parte das vezes.

- Culpa! Parece que  joga uma enorme responsabilidade em cima de você mesmo para não fazer as coisas errado. Para darem certo, pois se algo sai diferente, a culpa é sua.

- Talvez ...

- E o que te trás esse enorme sentimento? Podemos usar várias linhas de raciocínio aqui. Nenhuma estaria errada, como nenhuma estaria certa também, varia de pessoa para pessoa, mas uma coisa me intriga: Algo de muito importante você considera ter perdido, no caso pelo que parece, por "culpa" sua. Desde então você não consegue mais lidar com o sentimento de responsabilidade com qualquer coisa, você esta embaralhado e parece não se importar com a noção de "certo e errado". E vive falsamente em uma vida de "tanto faz" e não impõe filtros em nada, as vezes muito, as vezes pouco. Porque no fim, não importa ... estou perto?

- Haha! Pra uma pessoa que supostamente deveria só ouvir, você fala demais ....

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