sábado, 23 de março de 2013

A "Indignação" alheia.






  "Absurdo, Inúteis, Covardes, Idiotas, Monstros, Assassinos"

  Essas palavras vemos constantemente escritas ou ditas através de mídias ou redes sociais quando algo "absurdo" acontece e vira parte de nossa rotina do dia a dia.

  Um dos casos mais falados atualmente é do motorista que atropelou o ciclista na Avenida Paulista, mas também já tivemos da enfermeira que trocou os soros, da médica que "desligava" o equipamento dos pacientes, do menino que batia nos cães no pet shop, os torcedores presos em outro país acusados de assassinar a criança na Bolívia, ou o menor que assumiu a culpa. Do padre da cidade x que abusava de crianças, do motorista que atropelou o pedestre, etc, etc, etc.

  Fatos ocorreram, o ciclista perdeu o braço depois de ser atropelado, a criança e os idosos morreram nos hospitais, nas ruas, nas casas, nas cidades. E de acordo com as leis, as pessoas devem pagar pelo que fizeram.

  Uma outra notícia diz que um acusado de assassinato foi inocentado depois de 23 anos preso por um crime que não cometeu. E existem várias situações em que foi comprovada inocência de diversas pessoas depois de pagarem pelo crime.

  Porém, a sociedade julga, condena e mata. 

  Todos devem pagar pelo que fizeram isso é mais do que o correto. Mas poucos param para ver as condições que levaram algo a acontecer. Um dia estressante em casa, com a família, com os colegas, com o trabalho. Quem é essa pessoa que estou condenando através do boca a boca?


  Porque o que acontece hoje em dia é que vivemos em uma sociedade doente. Stress em todos os lugares. Trabalhadores procurando auxílio psicológico em virtude das condições que vivem dentro do ambiente de trabalho, crianças largando os estudos por causa do bullying de seus colegas. Pessoas indo as drogas para fugir da realidade que vivem hoje em dia.

  Nós não fazemos parte, a minima que seja, disto? Será que nós, pais e mães , não demos exemplo a nossas crianças? Será que nós  professores não vimos e não fizemos nada para mudar a conduta de algum aluno? Será que nós superiores, coordenadores ou chefes, demos condições necessárias a nossos funcionários no ambiente de trabalho? Será que eu, amigo, colega não dei nenhum exemplo para impedir que a pessoa ao meu lado evitasse um surto ou eu mesmo já não estava inserido em meu próprio?

  Paramos para julgar o ser humano e não o fato ocorrido. É muito fácil dizermos para os outros sobre a índole de uma pessoa, mas não estamos fazendo, independente de escalas, a mesma coisa? Falamos tanto que as outras pessoas estão cuidando de nossas vidas quando fazemos algo, mas julgamos na mesma proporção quando outra pessoa o faz. As pessoas que mais se chocam e falam sobre esses "monstros" que cometem atos são as primeiras que em uma roda de amigos ou nas redes sociais reclamam do que falam dela.

  E a sociedade é forte. Mesmo se uma pessoa for comprovada inocente ou culpada de algo, o peso que a sociedade aplicou nela já a deixará marcada para sempre.

 A sociedade julga, sim. Condena, sim. Mata, sim. Não me isento em alguma situações, mas todos somos responsáveis pelos acontecimentos citados. E condenamos esses porque houveram manchetes, mas e todos os outros que acontecem diariamente? Na surdina, alguém tirando proveito de algo ou de uma posição em seu trabalho, pegando algo em sua casa, querendo ser popular e "malandro" com os amigos. Não é diferente. Só não recebem os holofotes para terem a "condenação" em grande escala.

  Nenhum desses casos me diz respeito, que a justiça seja feita e o fato que aconteceu seja julgado da maneira mais correta. Mas não posso condenar a pessoa, não conheço nenhuma delas.

  Se eu quiser que algo aconteça tenho que começar a mudança por mim mesmo. Sejamos o espelho do que queremos que o outro seja. Vamos dar o exemplo. E não simplesmente acompanhar "indignados" os fatos sendo que eu continuo contribuindo para esses ou outros.


"Sejamos a mudança que queremos ver no mundo"
















2 comentários:

  1. Infelizmente as pessoas julgam, cobram, "apontam", punem sem ter o mínimo de interesse de entender o pq algo aconteveu, o seu motivo, gerando um conflito e o estresse. Na minha opnião, eu vejo que todos querem achar e colocar a culpa em uma pessoa e não o pq tal problema ocorreu. É ignorãncia da sociedade.

    ResponderExcluir
  2. Muito boa observação, Henrique!
    A sociedade, infelizmente, julga, condena, "cobra" demais os outros sem ter ao mínimo o conhecimento das outras... e essas outras pessoas acabam ficando estressadas devido às "cobranças" da sociedade...

    ResponderExcluir